Resenha: A Desconhecida

Título: A Desconhecida | Autora: Mary Kubica | Editora: Planeta | Ano: 2017 | Páginas: 352

Imaginem a seguinte situação: dia chuvoso, muito frio, uma estação de trem. Bem ali, ao canto, uma jovem (aparentemente adolescente), segura contra o peito um bebê choroso. Sujos, molhados, com toda certeza ambos tem fome.

Alguns poderiam ignorar essa cena, afinal é algo que infelizmente ocorre muito em cidades grandes. Não Heidi.

Heidi é uma mulher humanitária. Se preocupa com o próximo, trabalha em uma ONG sem fins lucrativos acolhendo refugiados e pessoas em situação de risco. Quando se deparou com essa cena, a mulher não conseguiu tirar o bebê e a jovem de sua cabeça. Queria fazer algo para ajudar aquela desconhecida.

Heidi é casada com Chris. Seu marido é totalmente o oposto da mulher. Enquanto ela se preocupa com a pobreza, Chris se preocupa com a riqueza de seus clientes, já que trabalha em um banco. 

Muito ocupado, viaja sempre a negócios. A bondade de sua esposa, que foi um dos motivos que o encantou quando começaram a se relacionar, hoje o incomoda. Afinal, Heidi não recebe dinheiro para trabalhar. 

Zoe é filha do casal. Pré-adolescente, está numa fase muito rebelde. Seu gênio acaba por afastar sua própria mãe.

A estação de trem é um caminho rotineiro de Heidi. Assim sendo, no outro dia, ela se depara novamente com a garota e o bebê. E acaba por se aproximar. 

Descobre que a garota chama-se Willow, é muito fechada, e apesar de não aparentar, já possui 18 anos.

Willow é arredia, e mesmo sem teto, em condições precárias de higiene, prefere se manter nas ruas a ir para um abrigo.

Qualquer pessoa poderia chamar autoridades, visto que um bebê está nessas condições; ou simplesmente virar as costas e ir embora, já que Willow recusou qualquer oferta. Não Heidi!

Ela simplesmente resolveu levá-las para sua casa. Um ato de bondade? Uma loucura? 

Por mais triste que era a situação de Willow, é válido destacar que ela continuava sendo uma desconhecida.

Bem, o fato é que a chegada de Willow e Ruby não agradou em nada Chris e Zoe. O que era pra ser apenas um dia de acolhida se tornou vários. Heidi se apega a cada dia pelo bebê e Willow continua fechada. 

A garota não tinha roupas, nem documentos. Tudo que Heidi encontrou foi uma blusa manchada de sangue, mas se livrou dela, a fim de esconder de Chris.

Qual o interesse de Heidi em manter ambas sobre seu teto? Sua família estaria mesmo em segurança? Quem era Willow? 
“O quanto você pode saber, de verdade, sobre uma pessoa?”
A Desconhecida foi um livro surpreendente! A narrativa se inicia bem calma, cheia de detalhes sobre a vida dos três narradores: Heidi, Chris e Willow.

Ver a perspectiva do enredo sob três pontos de vistas distintos colaborou ainda mais para a elaboração do suspense. 

Confesso que de início, a trama não me prendeu. Achei tudo muito monótono, porém a chegada da narrativa de Willow aguçou completamente minha curiosidade.

Willow nos revela que já teve uma família, uma casa. E então nos perguntamos: o que fez com que ela se separasse de seus pais? Onde eles estariam? Ruby seria mesmo sua filha?
“(...) Você está muito encrencada. Mais encrencada do que você pode imaginar. Você é suspeita de dois assassinatos.”
Uma trama inteligente, capaz de instigar. Nada é o que parece, as respostas são fornecidas aos poucos. O leitor é introduzido sem perceber ao enredo, e de repente, se vê preso num suspense muito bem elaborado.

Suspense esse que se inicia brando e com o avanço das páginas se torna avassalador. A busca por respostas não me deixou largar o livro!

É um livro forte, com temas como assassinato, abuso sexual e depressão.

Infelizmente, não posso dar ganchos a respeito do desenrolar da trama, mas asseguro que é uma leitura fascinante. 

Edição perfeita, com páginas amarelas, ideal para ler em uma toada só sem cansar os olhos. Eu passei o domingo todo presa ao livro.

Recomendo! Com toda certeza, você passará noites em claro tentando descobrir os mistérios de A Desconhecida.

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