Resenha: No Escuro

Título: No Escuro | Autora: Elizabeth Haynes | Editora: Intrínseca | Ano: 2013 | Páginas: 333

Eu adoro suspense, isso não é segredo. Há tempos queria ler essa obra, somente pela sinopse. Foi um presente da Taty.

Nela, temos um suspense muito elaborado e perturbador. Narrado em primeira pessoa, mesclando passado e presente, conhecemos Cathy, uma mulher que já fora cheia de vida. Amava sair com as amigas, festas tomavam conta de sua rotina. Sua vida social era incrível! Até que conhecera um homem que mudou tudo isso.

A Cathy do presente não tinha vida social. Evitava ao máximo contato pessoal. Estava doente, tinha TOC severo. O medo tomava conta de sua vida.

E tudo isso por causa de um homem.

Lee é lindo. O tipo de cara que a beleza não passa despercebida. Foi fazendo um trabalho de segurança numa boate que conhecera Cathy. Ela se empolgou de imediato com Lee, e logo se viu num relacionamento tomado pelo desejo. E por sua vez, ele se sentiu obcecado por Cathy.

"Toda mulher gosta de brutalidade - disse ele - As que dizem que não são mentirosas."

Suas amigas o consideravam o máximo. Chegavam a dizer que sentiam inveja por Cathy ser tão bem cuidada por ele. O que ninguém sabia, era que Lee se transformava a cada dia, mostrando-se completamente controlador e violento.

Enquanto o passado de Cathy vai se desenvolvendo de uma forma que nos deixa envolvidos e de olhos arregalados, o seu presente nos enche de agonia. Por ser narrado em primeira pessoa, podemos sentir o medo encrustado na personagem. Mesmo Lee estando preso, ela sempre acredita que ele poderá aparecer em qualquer momento, por isso foi se tornando tão compulsiva e obsessiva. Um simples fechar de porta se tornava uma tarefa cansativa, já que ela repetia várias e várias vezes o processo como forma de verificação de segurança.

"É como assistir a um filme de terror repetidas vezes sem nunca se tornar imune ao medo."

E nos perguntamos o tempo todo: o que Lee fez a Cathy que a deixou assim? Seria ela sua única vítima? Como ele foi preso? O que aconteceria se ele fosse solto?

Sinceramente, achei que não iria gostar desse livro. Eu estranhei a forma da narrativa logo de início, pois não é como se cada capítulo intercalasse passado e presente, e isso me incomodou. Outro fato que me trouxe um incômodo intenso, foi o transtorno de Cathy. Na maioria das vezes sou introspectiva com problemáticas de personagens, afinal se trata de uma ficção. Mas aqui foi descrito de uma forma tão real que não conseguia separar ficção da realidade. Fiquei claramente comovida, imaginando a quantidade de pessoas que passam por isso, e precisei largar o livro em muitos momentos para tentar recuperar a agonia. Pensei em desistir, abandonar a leitura.

Porém o suspense é jogado nas primeiras linhas. É impossível não ficar com aquela pulguinha atrás da orelha. Precisava saber o que iria acontecer. E então, de incomodada passei a envolvida.

Por mais que precisei me arrastar em muitos momentos, admito que a autora foi realmente muito inteligente na elaboração da trama. E essa mescla de passado e presente que tanto me incomodou no início, tornou-se um dos pontos altos no desenrolar do enredo. Nossos sentidos ficam ainda mais aguçados com esse formato de narrativa. Se no passado somos tomados por momentos de tensão, com a adrenalina à mil; no presente somos tomados por agonia e medo. 

"(...) se não souber a coisa certa a se dizer, então não diga nada."

É um suspense interessante e original, que além de entreter traz um alerta para relacionamentos abusivos. 

Recomendo!

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