Resenha: Sob a Luz da Escuridão


Título: Sob a Luz da Escuridão | Autora: Ana Beatriz Brandão | Editora: Verus | Ano: 2018 | Páginas: 336


O quanto um governo pode afetar a humanidade? Na ficção de Ana Beatriz Brandão, nos deparamos com uma realidade assustadora. Um governante desumano ganhou poder e com isso, tripudiou com o conceito de compaixão, harmonia e respeito.

Nessa nova realidade, humanos geneticamente modificados existiam. Afinal, durante o governo, padrões perfeitos foram estipulados. Recursos básicos inexistentes, escassez de alimentos, guerras que se iniciavam por praticamente "nada". 

Era... monstruoso. Tão monstruoso que, em certo momento, a humanidade perdeu o medo de morrer.

Jéssica e Lolli sofreram na pele o resultado das guerras nucleares. Geneticamente modificadas, foram vítimas de pessoas que, mesmo com a retirada do tal governante do poder, acreditavam em um mundo perfeito com pessoas perfeitas. Presas para servirem de cobaia. Até que certo dia foram resgatadas.

Ele dizia querer criar a raça que, em seu conceito, seria perfeita: branca, magra, loira, olhos claros, inteligente, eternamente jovens.

Sem memória, agora precisariam enfrentar uma realidade onde elas seriam o alvo. E para a surpresa de todos, ainda descobririam a existência de seres ainda mais fortes e mais poderosos.

Sob a luz da Escuridão traz uma distopia, inicialmente muito bem elaborada. A ideia inicial instiga. Adorei a forma como a autora conduziu os fatos para que se chegasse ao novo cenário proposto por ela. É realmente fácil comprar sua história.

Quando iniciei a leitura, considerei original, instigante, com personagens femininas muito bem construídas. Acreditei que iria favoritar uma distopia nacional até a chegada dos vampiros.

Sim, temos vampiros nessa história, mas existe toda uma explicação para tal; e não vou entrar em detalhes para evitar spoiler. Até a chegada dos mesmos, o livro é narrado em primeira pessoa por Lolli, que acredito eu ser a principal heroína/protagonista. Porém, após a chegada dos mesmos, o livro começa a ser intercalado em capítulos narrados em primeira pessoa por outros personagens. Esse fato me incomodou, pois não senti conexão com os demais.

Tudo bem que outros pontos de vista fornecem uma explicação mais nítida de determinados acontecimentos ao leitor, mas em minha opinião tal feito fez tirar o foco inicial do enredo.

Ainda com a chegada dos vampiros, percebi que a introdução do romance e do alívio cômico se fez mais presente que a ação. Toda a tensão e a eletricidade que faria da obra uma distopia perfeita, ficou em segundo plano para a chegada do romance, e frisando bem que é apenas minha opinião, tal feito fez com que a obra se perdesse do ponto inicial.

Entendo que é uma obra juvenil, e talvez toda essa jogada da autora foi para prender justamente os mais novos.

Mesmo com essas ressalvas negativas, é válido dizer que é uma obra original.

Recomendo para aqueles que gostam de distopias juvenis.

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